A Fé de Pedro

XII Domingo Comum

(Zac 12, 10.11-13,1; Sl 62, Gl 3, 26-29; Lc 9, 18-24)

Tão importante quanto confessar a fé é abraçar integralmente o que se confessa!

Neste XII domingo do tempo comum Jesus vêm nos ajudar a discernir algumas coisas importantes no caminho da fé. Estão em jogo sempre nossas expectativas do que significa seguir Cristo, tornar-se um discípulo, aderir a sua escola de vida.

Enquanto orava, (característica típica de são Lucas, ao qual, apresenta-nos Jesus em oração nos momentos decisivos de seu ministério), questiona seus discípulos. Perguntar, questionar é um método antigo usado por tantos sábios, que assim faziam seus discípulos buscar dentro de si respostas, aprendizados, saberes recolhidos. Jesus de Nazaré quer saber de seus discípulos se estão compreendendo realmente sua identidade e missão, Jesus ao questioná-los quer saber quais são as suas expectativas em relação a seu seguimento, quer ajuda-los a discernir melhor as coisas, a purificar as ideias, corrigir quem sabe suas concepções equivocadas. Mas para isso Ele precisa saber. Precisou perguntar quem era Ele para as pessoas e quem era Ele para os próprios discípulos! São perguntas importantes, necessárias e que ainda hoje precisam ser refeitas. Há muita confusão por ai sobre quem é realmente Cristo. Também nós precisamos cotidianamente nos perguntar: “E vós quem dizeis que Eu sou?” (Lc 9, 20). Na época de Jesus, no contexto desta pergunta haviam muitas expectativas sobre o Filho do Homem. Havia muita espera na Palestina por sua vinda eminente. Havia entre as pessoas esperanças e mais esperanças que o “Messias” daria um jeito em tudo: expulsaria o mal, libertaria os hebreus da dominação Romana, instauraria um reinado messiânico forte, totalmente puro e plenipotenciário. Ele o messias das expectativas messiânicas, faria tudo por nós, faria tudo em nosso lugar, resolveria nossos problemas, religiosos, morais e sociais com sua força. No entanto esta expectativa digamos, pré-pascal, não combinou com a resposta de Pedro e nem com a réplica de Cristo: “O Cristo de Deus. Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. E acrescentou: o Filho do Homem, deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da lei, deve morrer e ressuscitar ao terceiro dia” (Lc 9, 22).

Jesus como um Rabi, um bom mestre, ouviu atentamente as perspectivas dos discípulos, após ampliou suas respostas. A consideração de Cristo sobre o seu messianismo, desconcertou as expectativas judaicas. Jesus de Nazaré nada tem a ver com um líder poderoso e político que os judeus esperavam. Jesus Cristo em nada se parecia com um plenipotenciário temporal, pelo contrário, se apresenta descolado de todo poder instituído por Israel “deve sofrer, ser rejeitado (…)”. (Lc 9, 20); é um outro enfoque sobre o seu messianismo, mais real, mais verdadeiro e bem mais libertador.

Nós também caríssimos para entramos na escola de vida de Cristo devemos saber muito bem o que iremos assumir: Também temos nossas expectativas, também esperamos que o “O Cristo de Deus”, venha resolver ou ao menos solucionar todas as nossas duvidas e angustias. Bem mais do que resolver por nós, ele dá sua vida por nós e assim salvando-nos, nos ensina que somente abraçando este caminho encontraremos salvação para nosso caminho.

Tão logo após Pedro haver confessado que Jesus era o Cristo de Deus, Jesus começou a ensinar qual a identidade profunda deste mistério: “todo aquele que quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Lc 9, 23). Não é um caminho de glória que Jesus apresenta a Pedro e seus companheiros. Ele está sendo muito claro com seus discípulos: “se quiserem vir atrás de mim, se quiserem me seguir, se quiserem testemunhar minha vida no mundo, então abracem este caminho de cruz e rebaixamento, o mesmo que assumi”. Nossa salvação depende dele: “pois todo aquele que quiser salvar sua vida, perdera-la e todo aquele que perder sua vida por causa de mim a encontrará” (9, 24).

Neste domingo pode ser uma grande oportunidade de confessarmos Jesus, o Cristo de Deus em nossas comunidades. Celebramos a jornada do refugiados. Acolher quem não tem aonde ir é um testemunho de fé: “era estrangeiro e me acolhestes” (Mt 25 ss).

Na segunda leitura Paulo exorta-nos sobre a grande novidade do cristianismo: “ o que vale não é ser mais judeu, ou grego, ou escravo ou livre, ou homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Jesus Cristo” (Gl 4, 28). É uma palavra forte e revolucionária e que não impõe muros de separação ou divisão. Em Cristo somos todos um. Confessar a fé é importante, mas viver suas exigências também.

 

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